As estatinas podem provocar tendinopatias?
Existem investigações que sugerem a influência das estatinas na homeostase do tendão, tendo sido observado que estas podem provocar alterações na matriz extracelular (MEC) do tendão, que é composta, principalmente, por colagénio do tipo 1 sintetizado pelos tenócitos.
Igualmente, existem alguns dados que provam a influência das estatinas na alteração da via de sinalização envolvida na expressão de metaloproteinases da matriz extracelular (MMP), como a MMP-9. As MMP´s como a MMP-2 e MMP-9 são colagenases necessárias para a degradação do colagénio desnaturado. O colagénio deve degradar-se no processo de reparação do tendão, e as estatinas podem afetar negativamente a remodelação do tendão. Por outro lado, o consumo de estatinas produz uma redução dos níveis de RhoA que diminui a expressão do mRNA do colagénio 1 e colagénio 3 nos tenócitos. Isso causa comprometimento da produção dos principais componentes da matriz extracelular do tendão.
As estatinas também regulam negativamente a expressão de proteínas reguladoras do ciclo celular, como a ciclina A2, ciclina E1 e cinases dependentes de ciclina. Isso resulta numa interrupção do ciclo celular na transição G1/S na proliferação de células tendíneas danificadas, o que é essencial para a cicatrização do tendão. As estatinas também podem inibir a migração dos tenócitos e induzir alterações no seu citoesqueleto com maior arredondamento celular e uma redução do contacto e densidade celular, o que resulta numa má comunicação da junção de gap dos tenócitos.
Num estudo realizado em tenócitos humanos cultivados com diferentes doses de estatinas, observou-se que a exposição a curto prazo de lovastatina, sinvastatina e atorvastatina prejudicou significativamente a migração dos tenócitos (Kuzma-Kuzniarska M. et al 2015).
As múltiplas maneiras pelas quais as estatinas afetam a função tendinosa e os tenócitos in vitro apoiam o conceito que as estatinas podem afetar também a função tendinosa in vivo.
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Autor: Dr. José Manuel Sánchez (criador da técnica EPI®)