A neoneurovascularização e a hipóxia como possíveis mecanismos de dor e de inibição do processo de resolução das tendinopatias


Nas tendinopatias degenerativas, para além da degradação de colagénio, degeneração mixóide, défice de mobilidade fluídica da matriz extracelular (MEC), e da morte celular, devemos considerar a importância de outra característica patogénica. Existe, de forma significativa, uma hipóxia (baixo teor de oxigénio), no tendão que provoca uma resposta inflamatória persistente.


O fator de transcrição induzido por hipóxia (HIF – 1), é o elemento central na resposta dos tenócitos ao baixo teor de oxigénio no tendão. Em condições normais este fator é muito instável, sendo degradado pelas protéases, no entanto, na ausência de oxigénio este fator fica mais estável e vai regular a expressão de inúmeros genes implicados em funções como angiogénese, a inflamação e o metabolismo energético. Por consequência, na presença de uma diminuição do teor de oxigénio, o tendão irá responder com um aumento da produção e secreção de citocinas, cuja função principal seria estimular a vascularização local. Em resultado disto, acontece uma resposta inflamatória persistente no tecido degenerado, encontrado habitualmente nas tendinopatias. Esta resposta inflamatória persistente associada a hipóxia é estimulada pela expressão de citocinas pró-inflamatórias como a IL – 1B e a TNF – Alfa. Por outro lado, o aumento da IL – 6, parece não ser influenciado pela HIF – 1, podendo ser relacionado com o fator nuclear KappaB (NF – kb), outro fator de transcrição sensível à hipóxia, sendo responsável pelo início de respostas imunológicas relacionadas com o stress mecânico por uma sobrecarga mecânica do tendão.


A Electrólise Percutânea Intratecidular ou EPI® (técnica criada pelo Dr. José Manuel Sánchez), é uma intervenção bioreguladora que permite uma redução significativa da inflamação e da hipóxia nos tenócitos, mas também nos macrófagos, permitindo uma correta diferenciação do fenótipo M1 ao fenótipo M2 que é pró-regenerativo. Desta forma, nas tendinopatias estamos a enfrentar um problema pato-imuno-biológico, onde os macrófagos agravam a tendinopatia. Em primeiro lugar, com a presença de hipóxia existe um aumento da produção de MCP – 1 e MIF – 1 (evitam que os macrófagos abandonem os tecidos), contribuindo para o recrutamento e consequente estado de inflamação persistente e, em segundo lugar, esta resposta inflamatória persistente associada a uma sobre-exposição de MIF – 1 não irá permitir a possibilidade de diferenciação de M1 a M2 ou, caso exista, esta tenderá a ser mínima.


Autor: Dr. José Manuel Sánchez