Perda de força nos idosos: porque acontece e como recuperar a autonomia
INTRODUÇÃO
Com o envelhecimento, é natural que ocorram alterações no corpo. Muitas pessoas, ou os seus familiares, começam a perceber sinais claros: levantar-se da cadeira exige mais esforço, subir escadas provoca cansaço excessivo, carregar compras torna-se difícil, e até abrir uma garrafa pode ser um desafio.
Estes sinais não devem ser vistos como “normais” ou inevitáveis. Em muitos casos, estão associados a um processo chamado sarcopenia, uma condição caracterizada pela perda progressiva de massa muscular e, em consequência, pela diminuição de força muscular e funcionalidade.
A boa notícia é que esta condição pode ser prevenida e, em casos em que está instalada um diagnóstico precoce permite uma recuperação da força, da confiança e da autonomia — mesmo em idades mais avançadas.
O QUE É A SARCOPENIA?
- Sarcopenia é uma condição caracterizada pela perda progressiva e generalizada de massa muscular, associada a diminuição da força e redução da capacidade física e funcionalidade.
- Não é apenas uma questão estética ou de envelhecimento natural: é hoje reconhecida como uma doença músculo-esquelética, com implicações clínicas sérias quando não tratada.
- Está diretamente relacionada com maior risco de quedas, fraturas, perda de autonomia, internamentos e mortalidade.
PORQUE É QUE ACONTECE A SARCOPENIA?
A perda de força e massa muscular depois dos 60 resulta da combinação de fatores:
- Envelhecimento natural - menor síntese proteica e alterações hormonais.
- Sedentarismo - ausência de estímulo muscular acelera a atrofia.
- Doenças crónicas - diabetes, insuficiência cardíaca, artroses, entre outras.
- Polimedicação - alguns fármacos podem causar fadiga, alterações do metabolismo e fraqueza.
- Inflamação crónica - comum em idades avançadas, afeta diretamente a função muscular.
- Dores e rigidez articular - levam à redução da mobilidade e contribuem para a fraqueza.
Este conjunto de fatores cria um ciclo vicioso: menos movimento → menos massa muscular → menos força → mais dificuldade em mexer-se → ainda menos movimento.
CONSEQUÊNCIAS DA SARCOPENIA
A sarcopenia não é apenas uma alteração física — é uma condição com impacto real na vida diária e na saúde global:
- Maior risco de quedas e fraturas (uma das principais causas de internamento na população sénior).
- Perda de autonomia em tarefas simples como vestir-se, cozinhar ou caminhar.
- Cansaço excessivo em atividades básicas, como subir escadas ou caminhar pequenas distâncias.
- Isolamento social, já que muitas pessoas deixam de sair de casa por receio ou dificuldade.
- Agravamento de outras doenças (ex.: diabetes mal controlada, hipertensão, artroses).
- Aumento do risco de hospitalização e mortalidade precoce.
É POSSÍVEL REVERTER A SARCOPENIA?
Sim. A literatura científica mostra, de forma consistente, que a sarcopenia pode ser prevenida e tratada, mesmo em idades avançadas, através de intervenções combinadas. As estratégias mais eficazes incluem:
- Exercício de força (resistência progressiva)
- É considerado o padrão-ouro no tratamento da sarcopenia
- Estimula a síntese proteica muscular, aumenta a massa magra e melhora a força.
- Recomenda-se treinar 2x a 3x por semana, com exercícios para grandes grupos musculares, em intensidade moderada a elevada, sempre ajustada ao estado clínico.
- Exercícios de equilíbrio, mobilidade e funcionalidade
- Não atuam diretamente sobre a massa muscular, mas reduzem de forma significativa o risco de quedas e fraturas, além de aumentarem a confiança no movimento.
- Incluem exercícios de marcha, treino de transferência (ex.: levantar-se da cadeira), entre outros.
- Atividade aeróbica adaptada
- Melhora a capacidade cardiorrespiratória e o metabolismo energético, favorecendo maior resistência física no dia a dia.
- Caminhadas, bicicleta estática ou hidroginástica podem ser utilizadas, sempre em intensidades adaptadas.
- Nutrição adequada, com especial atenção à ingestão proteica
- A proteína é essencial para estimular a hipertrofia muscular induzida pelo exercício.
- Recomendações internacionais 1,0 - 1,2 g/kg/dia em pessoas mais velhas saudáveis, podendo chegar a 1,2 - 1,5 g/kg/dia em casos de doença crónica, e até 2 g/kg/dia em situações de desnutrição ou doença aguda.
- Suplementos (ex.: whey protein, creatina, vitamina D) podem ser úteis, mas devem ser avaliados por nutricionista ou médico.
- Acompanhamento clínico especializado
- A maioria das pessoas nesta faixa etária apresenta comorbilidades (ex.: diabetes, hipertensão, artroses) e está polimedicada, o que exige cautela.
- O fisioterapeuta garante que o treino é seguro, adaptado e progressivo, e pode articular-se com médicos e nutricionistas quando necessário.
- A avaliação inicial é fundamental
EXERCÍCIO CLÍNICO: A ABORDAGEM SEGURA E EFICAZ
Fazer exercício é fundamental, mas precisa de ser adaptado e acompanhado. Nem todos os movimentos são seguros, especialmente quando existem doenças crónicas ou várias medicações em simultâneo.
É aqui que o exercício clínico sénior, acompanhado por fisioterapeutas especializados, faz a diferença:
- Avaliação inicial detalhada (força, equilíbrio, mobilidade, estado de saúde geral).
- Prescrição personalizada, com base em evidência científica.
- Sessões supervisionadas em ambiente clínico, reduzindo riscos.
- Progressão gradual, respeitando limitações individuais.
- Trabalho conjunto com médicos e outros profissionais de saúde, se necessário.
CONCLUSÃO
A perda de massa e força muscular depois dos 60 não deve ser encarada como um processo inevitável. Pelo contrário, é possível recuperar capacidade física, prevenir quedas, manter autonomia e viver com mais confiança através de programas de exercício clínico sénior adaptados e acompanhados por fisioterapeutas.
Na Intrafisio - Centro de Fisioterapia em Coimbra, dispomos de fisioterapeutas especializados em exercício clínico para a população sénior, preparados para avaliar e planear programas individualizados que ajudam a recuperar força, equilíbrio e qualidade de vida.
Gostaria de perceber como está a força e autonomia?
Convidamo-lo a realizar a Avaliação da Idade Funcional — um primeiro passo simples, sem compromisso, que permite perceber o estado atual e definir estratégias seguras para envelhecer em movimento.
👉 SAIBA MAIS SOBRE A AVALIAÇÃO DA IDADE FUNCIONAL AQUI
(Deixe os seus dados e a nossa equipa entrará em contato consigo)
Fisioterapeuta Óscar Caridade
Ordem dos Fisioterapeutas 805
INTRAFISIO – Centro Clínico de Fisioterapia e Exercício Sénior em Coimbra
INTRAFISIO, LDA – NIPC 513036385
Rua de Aveiro, Lote 2A, 3000-064 Coimbra, Portugal
Número de Registo ERS: 23601 – Licença de Funcionamento: 23687