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Tendinopatia - Os exercícios podem ser realizados com dor?

No tratamento de uma tendinopatia (também conhecidas por tendinites ou tendinoses), são normalmente prescritos exercícios que irão ajudar no processo de recuperação do tendão. Em muitos casos, os exercícios podem provocar alguma dor o que leva à existência de dúvidas. Devo realizar os exercícios mesmo que surja dor? Estarei a prejudicar a situação se fizer os exercícios com dor?

Sempre que possível procuramos oferecer tratamentos e soluções que não provoquem dor. No entanto, o processo de recuperação de uma tendinopatia é dinâmico e desafiador. Ao longo do processo, vamos procurando perceber se o tendão consegue suportar os exercícios e as cargas que lhe são impostas, corrigindo e adaptando o plano de tratamento sempre que necessário.

Ou seja, na recuperação de uma tendinopatia, os exercícios prescritos, poderão provocar alguma dor durante a sua realização ou nas horas após a atividade. Isto acontece, pois, os exercícios terão de ser suficientemente fortes para estimular o tendão e a única forma que existe para saber se o tendão consegue suportar as cargas impostas é testando. No entanto, isto não significa que o caminho tem de ser obrigatoriamente penoso. A progressão dos exercícios tem de ser adaptada à dor sentida não só durante os exercícios, mas também nas horas seguintes. Em alguns tendões a realização dos exercícios poderá ser livre de dor, no entanto, algumas horas depois a dor pode tornar-se muito intensa e limitante. Não queremos, acima de tudo, que haja uma maior sensibilização do tendão pois isto pode provocar um atraso no processo de recuperação.

Apesar da dor ser uma experiência subjetiva (dependente da interpretação da pessoa), ou seja, não é como a febre, por exemplo, que nós conseguimos medir objetivamente com um termómetro, dando-nos um valor em graus (ex: 37ºC). E possível avaliar a dor utilizando para tal algumas escalas. 

Uma das escalas que podemos utilizar para avaliar a dor é a escala numérica da dor, esta escala é representada por vários quadrados, numerados de 0 a 10, onde o quadrado 0 significa a ausência de dor e o quadrado 10 significa a dor máxima que a pessoa possa sentir. A pessoa coloca a cruz no quadrado que acredita representar a sua intensidade de dor.

Depois de conhecidos estes valores, pode ser feita uma monitorização da dor, de forma a evitar a sensibilização excessiva do tendão, o que poderia levar a criar uma barreira à sua recuperação. Existem, assim, zonas seguras (níveis de intensidade de dor de 0 a 3), zonas aceitáveis (níveis de intensidade de dor de 4 a 5), e zonas desaconselháveis (níveis de intensidade de dor de 6 a 10). Devemos, essencialmente, trabalhar em níveis de intensidade seguros pois assim estamos a criar adaptações positivas no tendão não comprometendo a sua recuperação. Ou seja, durante a realização dos exercícios a dor não deve ultrapassar um nível de intensidade de 3 e, de igual forma, não deverá ser superior a 3 nas horas após a sua realização. 

Se a dor for mantida em zonas seguras durante a realização dos exercícios e nas horas seguintes, isto significa que em sessões futuras poderemos aumentar a exigência dos exercícios uma vez que o tendão está a adaptar-se positivamente. Caso contrário, se a dor for maior do que 5 durante a realização dos exercícios ou nas horas seguintes à sua realização significa que devem ser tomadas medidas para reduzir o esforço aplicado ao tendão (reduzir cargas nos exercícios ou mesmo mudar de exercícios).

Em resumo, na recuperação de uma tendinopatia, em algumas fases do processo poderá aparecer dor durante os exercícios ou após a sua realização. No entanto, a dor deverá ser mantida sempre em vigilância, adequando o plano de tratamento sempre que necessário.

Fisioterapeuta Óscar Caridade
Ordem dos Fisioterapeutas 805

INTRAFISIO - Centro clínico de referência no tratamento de lesões ortopédicas e desportivas.

INTRAFISIO, LDA - NIPC 513036385
Rua de Aveiro, Lote 2A, 3000-064 Coimbra, Portugal
Número de Registo ERS: 23601 - Licença de Funcionamento: 23687

Autor: Fisioterapeuta Óscar Caridade, julho de 2020
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Otimização da regeneração após lesão muscular, mediante a aplicação da técnica EPI®
Por Fisioterapeuta Óscar Caridade 16 ago., 2021
Atualmente, sabemos que na presença de uma lesão muscular, como resposta a sinais relacionados com dano nas miofibrilas e consequente infiltração de células inflamatórias (neutrófilos e macrófagos), existe uma necrose das células musculares. Nas zonas de lesão das miofibrilas, ocorre uma desgranulação dos mastócitos, provocando a libertação de citocinas pró-inflamatórias, tais como, o fator de necrose tumoral alfa (TNF-α), a interleucina - 1 (IL-1), e a histamina. Estas irão provocar a infiltração de um maior número de mastócitos e neutrófilos, favorecendo o processo de inflamação. De igual forma, os neutrófilos ativados libertam substâncias como, o fator de necrose tumoral alfa (TNF-α), o interferão –γ (IFN-γ), a interleucina 1 beta (IL-1β), a interleucina 1 (IL-1) e a interleucina 8 (IL-8). Nesta etapa, existe uma ativação das espécies reativas de oxigénio (ROS), que contribuem para a degradação das fibras musculares e alterações vasculares (isquémia-reperfusão). Um cenário que agrava a lesão muscular podendo, igualmente, atrasar a passagem para a seguinte fase do processo de regeneração muscular. Por esta razão, perante uma lesão muscular, poderá ser benéfico para o utente, a utilização da Electrólise Percutânea Intratecidular - EPI®. A aplicação da técnica EPI®, segundo a investigação realizada por Abat, et al. (2015), promove uma diminuição significativa dos valores do fator de necrose tumoral alfa (TNF-α) e da interleucina 1 (IL-1). De igual forma, é verificado um aumento nos valores dos recetores ativados pelo proliferador de peroxissoma - γ (PPAR-γ), dos fatores de crescimento do endotélio vascular (VEGF), e dos VEGF –R1. Os fatores de necrose tumoral alfa (TNF-α), ficam elevados logo após a lesão muscular e permanecem aumentados por muitos dias após a mesma. A EPI®, ao promover a diminuição dos valores dos TNF-α, impede alterações no processo de diferenciação celular, aumentos do catabolismo celular (inibição da resposta regenerativa das células satélite), e a degradação de proteínas. Atuando na diminuição dos valores da interleucina 1 beta (IL-1β), uma citocina pró-inflamatória que também permanece aumentada na lesão muscular durante vários dias. A EPI® consegue diminuir a necrose tecidular focal e, de igual forma, evitar a inibição da síntese de proteínas. A utilização da técnica potência um aumento nos valores dos recetores ativados pelo proliferador de peroxissoma - γ (PPAR-γ), o que promove uma diminuição na expressão de genes pró-inflamatórios e um aumento nos índices de regeneração muscular. São, igualmente, verificados aumentos significativos nos fatores de crescimento do endotélio vascular (VEGF), e dos VEGF –R1, que promovem um efeito angiogênico (manutenção da micro-circulação), e estimulam a diferenciação miogénica das células satélite musculares, contribuindo para a regeneração muscular. A técnica possibilita, assim, controlar alguns fatores inflamatórios, que apesar de serem importantíssimos na fase inicial para o processo de regeneração muscular (ex: promoção de um microambiente favorável à proliferação das células satélite), poderão, quando em valores demasiado elevados, agravar o dano muscular e atrasar o processo de regeneração, como por exemplo, a inibição da transição de macrófagos M1 para macrófagos M2 (componente essencial para a regeneração muscular in vivo). Já conheces a nossa formação em Electrólise Percutânea Intratecidular - EPI®? Para mais informação sobre o curso CLICA AQUI Autor: Fisioterapeuta Óscar Caridade Professor Oficial da Técnica EPI® pela EPI Advanced Medicine Fisioterapeuta Óscar Caridade Ordem dos Fisioterapeutas 805 INTRAFISIO - Centro clínico de referência no tratamento de lesões ortopédicas e desportivas. INTRAFISIO, LDA - NIPC 513036385 Rua de Aveiro, Lote 2A, 3000-064 Coimbra, Portugal Número de Registo ERS: 23601 - Licença de Funcionamento: 23687 Fontes: Abat F, Valles SL, Gelber PE, Polidori F, Jorda A, García-Herreros S, Monllau JC, Sanchez-Ibáñez JM. An experimental study of muscular injury repair in a mouse model of notexin-induced lesion with EPI® technique. BMC Sports Sci Med Rehabil. 2015 Apr Chellini F, Tani A, Zecchi-Orlandini S, Sassoli C. Influence of Platelet-Rich and Platelet-Poor Plasma on Endogenous Mechanisms of Skeletal Muscle Repair/Regeneration. Int J Mol Sci. 2019 Feb Yang W, Hu P. Skeletal muscle Regeneration is modulated by inflammation. J Orthop Translat. 2018 Feb Le Moal E, Pialoux V, Juban G, Groussard C, Zouhal H, Chazaud B, Mounier R. Redox Control of Skeletal Muscle Regeneration. Antioxid Redox Signal. 2017 Aug
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